sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Filme O Abutre

--
O filme nos mostra a trajetória de ascensão do personagem, denominado Louis Bloom, que, aos poucos, começa a produzir cada vez mais reportagens. Toda essa trajetória não é realizada de uma forma "aceitável", ou digamos, ética. Ela é inescrupulosa, condenável, pois a cada passo que o personagem avança, percebemos que estamos emaranhados em um conjunto de relações que são tão cruéis quanto o trabalho que Louis realiza. Assim, a diretora de um programa de jornal em uma emissora de tevê não vê problemas na transmissão de reportagens cada vez mais violentas, cruas e trágicas; os apresentadores desse mesmo jornal narram tais reportagens, como se fossem um espetáculo televiso que precisa ser noticiado incessantemente; a direção da emissora de tevê não mede esforços para manter essa forma de jornalismo para conseguir aumentar a audiência; entre outras relações envolvidas na trajetória de Louis que vão revelando as engrenagens de uma sociedade apodrecida. Portanto, o abutre do título do filme não se refere apenas ao Louis, o personagem principal que filma cadáveres mortos ou semi-mortos em busca do sucesso profissional, mas também àqueles que permitem que esses indivíduos, especialmente um Louis Bloom, consigam conquistarem espaço na sociedade através dessa forma de trabalho.

Por isso, o jornalismo abordado no universo ficcional é desumano, mas ao mesmo tempo tornou-se prática comum, conquanto a sociedade ainda permita que a vida das pessoas seja quantificada através do cálculo da audiência televisiva. Logo, o lucro dessas empresas de jornalismo, entre diversas outras empresas na sociedade capitalista, são assim, produto da carniça, da exploração de vidas humanas e essa forma de atividade não está restrita a Louis, infelizmente, mas amplia-se a centenas e milhares de indivíduos que buscam manter e reproduzir essa sociedade através da exploração e da "desgraça alheia".
--
Texto escrito em 2019.
--
Mais informações em:

Nenhum comentário:

Postar um comentário